Rafael Almeida, NE Notícias

PIxabay

A violência contra a mulher tem tomado conta dos telejornais policiais e da imprensa tradicional. Não raro é conhecer mulheres que tenham passado por situações tristes envolvendo violência doméstica e/ou crimes de ódio apenas por ser mulher e, apesar da redução de pouco mais de 6% entre 2017 e 2018, os números ainda chocam em uma época de mudanças na legislação e conquista de diretas.

Em 2017, cerca de 4.558 casos de homicídios femininos foram registrados. Já em 2018, 4.254 vítimas. Na verdade essa redução representa uma parcela frustrante de queda no número de assassinatos de mulheres no país, tendo em vista que o número de homicídios em geral teve queda de 13% no mesmo período. Por que a violência contra a mulher não diminuiu tanto quanto a violência em geral?

Entre janeiro e novembro de 2018, a imprensa brasileira veiculou 68.811 casos de violência contra a mulher, conforme a base de dados da Linear Clipping, utilizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Câmara dos Deputados, e que deu origem ao Mapa da Violência Contra a Mulher 2018. Os casos foram divididos em cinco categorias: importunação sexual, violência on-line; estupro, feminicídio e violência doméstica.

Agência Câmara

Foram 32.916 notícias de estupro, com 43% das vítimas tendo menos de 14 anos de idade e quase a metade dos crimes (49,8%) sendo cometidos por companheiros e parentes. A pesquisa da Comissão revela ainda 14.796 casos de violência doméstica, cometida em 58% das vezes por namorados e maridos, atuais ou ex. No caso de feminicídio, ou seja, o assassinato de mulheres motivado por discriminação pela condição feminina, foram registradas 15.925 notícias, com 95% dos assassinos sendo maridos, namorados ou ex-companheiros.

Outros dados divulgados recentemente pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas para Crime e Drogas), revelam que a cada hora, seis mulheres são vítimas de feminicídio no mundo, mas qual seria o real motivo de tanta violência contra a mulher?

Agência Câmara

Para responder essa questão não precisamos somente de dados, mas de um viagem na história para entender o papel que a mulher sempre representou para uma sociedade extremamente patriarcal e opressora. Durante anos a mulher serviu apenas de objeto de procriação e cuidados para o homem, ou seja, a figura masculina sempre foi representada pelo provedor de alimentos e sustento da família, tendo plenos poderes sobre a mulher, que sempre ficou abaixo do homem na suposta hierarquia familiar. Com isso, inclusive os filhos do sexo masculino possuíam autoridade sobre a mãe apenas por serem homens.

Esse pensamento extremamente ultrapassado foi sendo excluído dos ambientes sociais e as mulheres conquistaram muitos direitos como a possibilidade de escolher seus governantes e de trabalhar, mas a cultura do “pai dominante” permaneceu enraizada em nosso cotidiano e com isso a “síndrome da superioridade masculina” permaneceu na cabeça dos agressores.

Mapa da Violência Contra a Mulher / Agência Câmara

Nas monarquias, a rainha tinha papel meramente simbólico diante do Rei, que possuía plenos poderes para exercer suas atividades, incluindo privilégios extraconjugais. e, como falado anteriormente, o papel de provedora sempre foi a sua principal (ou única) função. Uma rainha sem herdeiros não era uma boa rainha.

Voltando para os tempos brutais de violência feminina, mesmo com leis severas e a certeza da punição, os números não caíram suficientemente para mostrar mudanças nas atitudes masculinas. Talvez os homens precisem aprender a respeitar as mulheres pelo conhecimento, porque somente leis mais duras não tem funcionado.

Com informações da Rede Brasil Atual