O Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) indiciou três investigados pela prática de um golpe que gerou prejuízo de R$ 40 milhões a pelo menos 600 vítimas em torno de uma suposta empresa de investimentos em Sergipe. O líder do grupo – que chegou a ministrar cursos no mercado financeiro – foi preso em agosto do ano passado, mas teve a liberdade concedida pela Justiça. Todos os investigados respondem pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de capitais. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 5.
De acordo com a delegada Lauana Guedes, o inquérito policial foi instaurado em agosto de 2023, na Delegacia de Defraudações e Combate à Pirataria (DDCP). “Quando cerca de 600 pessoas registraram boletim de ocorrência informando que uma empresa de investimentos deixou de pagar os rendimentos mensais prometidos aos clientes”, contextualizou.
Com o avanço das investigações, a DDCP comprovou que uma associação criminosa, induziu os investidores a erro, ocasionando um prejuízo estimado em R$ 40 milhões. “O líder se apresentava como sócio-proprietário de uma empresa de investimentos, ministrava cursos de mercado financeiro e exibia em suas redes sociais publicações de operações bem-sucedidas no mercado de investimentos”, detalhou a delegada.
Conforme a delegada Suirá Paim, para conferir aparência legal ao negócio, o suspeito emitia declarações falsas com Informes de Rendimentos Financeiros e manipulava os dados dos investimentos e rendimentos na plataforma de consulta. “De modo que, para os clientes, as operações tinham sempre resultados positivos. Somado a isso, para aumentar a credibilidade da empresa, o investigado colocou sua marca como patrocinadora oficial de um dos clubes de futebol de maior evidência no Estado de Sergipe”, relatou.
Com base no que foi apurado pela DDCP, foi constatado que o suspeito, contando com uma poderosa rede de gerentes de investimentos, oferecia a seus clientes lucros de até 8%. “E ele garantia um limite de perda fixado em 5% do capital investido”, acrescentou a delegada Suirá Paim.
Ainda na investigação, a DDCP verificou que o investigado dizia investir as aplicações no mercado brasileiro, mercado americano e demais ativos negociados na Bolsa de Valores. “A fraude tinha como base a assinatura de contratos de prestação de serviços, através dos quais o suspeito recebia os recursos dos investidores e o cliente tinha como obrigação o aporte dos recursos previstos como valor do contrato”, narrou a delegada Lauana Guedes.
A partir da análise dos elementos probatórios, foi verificado que os recursos captados não eram aplicados em fundo de investimentos. “Os valores eram transferidos para contas pessoais e empresariais dos membros da associação criminosa”, revelou Suirá Paim.
As investigações indicaram que as contas dos suspeitos, no período de 2020 a 2023, apresentaram alta relevante nas movimentações bancárias, passando de cerca de R$ 10 milhões para R$ 70 milhões. “Fato que gerou a necessidade da abertura de inúmeras empresas vinculadas ao grupo, com a finalidade de ocultar e facilitar a fragmentação e evasão dos valores provenientes da fraude”, expôs a delegada Suirá Paim.
Ainda conforme a delegada Suirá Paim, as vítimas estão então entrando com ações civis para tentar recuperar parte dos valores perdidos. “E na esfera criminal, foram solicitados os bloqueios de ativos financeiros. São três investigados, que foram indiciados pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de capitais”, complementou.
Denúncias
A Polícia Civil solicita que outras eventuais vítimas do esquema criminoso procurem o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) para registrar o boletim de ocorrência. Outras informações e denúncias que possam contribuir com investigações de golpes conduzidas pelo Depatri sejam repassadas à Polícia Civil por meio do Disque-Denúncia, no telefone 181. O sigilo é garantido.
O comentário é de responsabilidade do autor da mensagem; não representa a opinião de NE Notícias.