No começo deste ano, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou possíveis irregularidades em uma obra de pavimentação asfáltica realizada no município de Lagarto, em 2020, durante a gestão da então prefeita Hilda Ribeiro, esposa do deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE).
Segundo o relatório, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 1,4 milhão, o equivalente a 23,8% do valor total contratado. A obra custou mais de R$ 6 milhões.

A pavimentação foi executada pela empresa Liga Engenharia, contratada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A empresa tem ligações com o ex-senador e ex-líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Fernando Bezerra é investigado pela Polícia Federal na Operação Odoacro, deflagrada em março deste ano, que apura suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes em contratos públicos firmados por empresas ligadas ao ex-senador com prefeituras e órgãos federais. A Liga Engenharia, responsável pela obra em Lagarto, é uma das empresas citadas nas investigações.
A auditoria da CGU aponta que, na obra realizada em Lagarto, a espessura do asfalto aplicado em diversas ruas ficou abaixo do previsto em contrato, sem que houvesse documentação ou testes técnicos que justificassem a alteração. Também foi identificado um sobrepreço no item de transporte de materiais, que usou valores até 2,5 vezes acima do custo real, gerando um superfaturamento de R$ 469 mil.
A Codevasf informou que notificou as empresas envolvidas para apresentação de defesa e que o processo está em análise. Até o momento, nem a Liga Engenharia, nem Fernando Bezerra Coelho se manifestaram sobre os apontamentos da CGU.
O caso coloca novamente sob os holofotes a gestão de Hilda Ribeiro em Lagarto, marcada por obras com forte financiamento federal e articulação política de seu esposo, o deputado Gustinho Ribeiro. A ligação da empresa contratada com esquemas investigados pela Polícia Federal lança dúvidas sobre a lisura dos processos de contratação e execução das obras no município.
A CGU continua a investigar a destinação de recursos públicos em municípios do interior do país, especialmente em contratos firmados com empresas associadas a políticos influentes no Congresso Nacional.
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