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As milícias – grupos paramilitares – são fortes, em presença e eleitoralmente, principalmente no Rio de Janeiro.

Levantamento publicado pelo jornal O Estado de São Paulo na edição deste domingo, 26, destaca preocupação do Ministério da justiça e Segurança Pública, comandado pelo ex-juiz federal Sérgio Moro, com a situação no Distrito Federal e em 23 Estados, incluindo Sergipe.

O foco é o financiamento ilegal de candidatos e partidos, candidaturas de CRIMINOSOS e pessoas ligadas a eles.

A situação é mais preocupante em locais com alto índice de violência, serviços públicos precários e corrupção policial. Em seis unidades da federação, Maranhão, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe, já foram encontradas relações de milicianos com políticos.

Recentemente, no bairro Santa Maria, em Aracaju, a polícia desbaratou organização criminosa que “vendia”, na tora, segurança a comerciantes.

A PF identificou em Sergipe

No interior do Estado há registros de grupo de milícia liderado por um policial que agiria vendendo segurança e atuando como grupo de extermínio na região do Vale do Cotinguiba. A ligação com um político foi alvo de investigação.

Arquivo

O sociólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Cláudio Souza Alves, ensina:

Nas urnas, eles deixam de ser assassinos. Nas urnas viram personalidades políticas e viram heróis. É a grande alquimia: (a urna) transforma assassinos, canalhas, monstros cruéis em heróis, em personalidades políticas, em benfeitores da comunidade.”

Chefe da Procuradoria Regional Eleitoral no Rio (PRE-RJ), a procuradora regional da República Silvana Batini atua na área criminal, mas entre 2019 e 2021 responde pela área eleitoral no Estado berço das milícias – cargo que ocupou também de 2008 a 2010.

Sincera, nos deixa mais preocupados:

“A Justiça Eleitoral tem como enfrentar a questão as milícias? Não”

procuradora regional da República Silvana Batini

O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, Raul Jungmann, não deixa dúvida:

“Aonde você tem milícia, onde você tem crime organizado, efetivamente não pode se dizer que se tem democracia, direitos e garantias e representatividade. São absolutamente antípodas, não tem a menor possibilidade. Quanto maior a presença da milícia e quanto mais ela se associa, se apropria e captura órgãos do Estado, menos democracia, menos liberdade, menos segurança e efetivamente mais violência e mais mortes”.

Coração das trevas

Jungmann é taxativo:

“A milícia controla o território, controla o voto, elege o seu representante, e seu representante vai participar da distribuição de cargos. Inclusive escolhendo cargos dentro do aparato de segurança do próprio Estado. Isso é o que eu chamo de coração das trevas”. 

Marcelo Freire, procurador-geral da República, fala da luta, que não deve parar, mas conclui:

Crime é uma atividade econômica, corresponde de 6% a 8% do PIB mundial. Então não vai acabar nunca, é bobagem você achar que vai acabar com o crime organizado. É seu dever combatê-lo e minimizar as suas ações. Esse é o dever. Agora, acabar, não vai acabar, é uma ilusão achar que vamos acabar com essas organizações, elas vão se transformar em outras. Elas podem ser enfraquecidas.