Marcelo Benedicto – IBGE

Ouça – Rebeca Palis, Coordenadora de Contas Nacionais

O Produto Interno Bruto (PIB) do país apresentou variação positiva de 0,2% no quarto trimestre de 2024 contra o terceiro e encerrou o ano com crescimento de 3,4%, totalizando R$ 11,7 trilhões. Essa foi a maior taxa anual do PIB desde 2021.

As variações positivas no desempenho do PIB vieram dos Serviços e da Indústria que, em comparação a 2023, cresceram 3,7% e 3,3% respectivamente. Na mesma comparação, a Agropecuária sofreu queda de 3,2%. Já o PIB per capita alcançou R$ 55.247,45, um avanço, em termos reais, de 3,0% frente ao ano anterior. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (7), pelo IBGE.

Cláudia Ferreira e Helena Pontes|IBGE

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, ressalta que os principais destaques do PIB pela ótica produtiva (das atividades econômicas) foram Outras atividades de  serviços (5,3%), Indústria de transformação (3,8%) e Comércio (3,8%), que juntos foram responsáveis por cerca da metade do crescimento do PIB em 2024.

Na Indústria, a atividade de Construção foi o destaque positivo ao registrar alta de 4,3% em 2024, em função do crescimento da ocupação na atividade, da produção de insumos típicos e da expansão do crédito. Outras influência positiva, além da Indústria de Transformação, foi a Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,6%).

A queda na Agropecuária (-3,2%) reflete o desempenho da Agricultura. Efeitos climáticos adversos impactaram várias culturas importantes da lavoura que registraram queda na estimativa anual de produção e perda de produtividade, tendo como destaque a soja (-4,6%) e o milho (-12,5%).

Cláudia Ferreira e Helena Pontes|IBGE

Consumo das famílias é a maior influência no crescimento do PIB sob ótica da demanda

Pela ótica da demanda, destaque para a Despesa de Consumo das Famílias, que avançou 4,8% em relação a 2023. “Para o consumo das famílias tivemos uma conjunção positiva, como os programas de transferência de renda do governo, a continuação da melhoria do mercado de trabalho e os juros que foram, em média, mais baixos que em 2023”, explica a pesquisadora.  Outro destaque foi o investimento (FBCF) (7,3%), que apesar de ter crescido mais, tem peso menor que o consumo das famílias.

Cláudia Ferreira e Helena Pontes|IBGE

A Despesa do Consumo do Governo teve crescimento de 1,9% no ano. As Importações de Bens e Serviços apresentaram alta de 14,7% em 2024 e as Exportações cresceram 2,9%. Já a taxa de investimento em 2024 foi de 17,0% do PIB, maior que em 2023, quando foi de 16,4%. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 14,5% em 2024 (ante 15,0% no ano anterior).

Do total de valor corrente de R$ 11,7 triilhões do PIB, R$ 10,1 triilhões foram referentes ao Valor Adicionado a preços básicos, enquanto R$ 1,6 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

PIB do 4º trimestre de 2024 apresenta estabilidade na comparação com o 3º tri

O PIB apresentou variação positiva (0,2%) na comparação do 4º trimestre contra o 3º  de 2024. Entre os setores, a Indústria variou 0,3%, enquanto os Serviços tiveram variação de 0,1%. Já a Agropecuária recuou 2,3%.

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“No quarto trimestre de 2024 o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos, mas com queda no consumo das famílias. Isso porque no quarto trimestre tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro do ano passado, o que já impactou no quarto trimestre”, explica Rebeca.

Nas atividades industriais, destaque para a alta na Construção (2,5%), nas Indústrias de Transformação (0,8%) e nas Indústrias Extrativas (0,7%). Já a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos registrou queda de -1,2%.

Nos Serviços, as atividades de Transporte, armazenagem e correio (0,4%) e Comércio (0,3%) registraram variação positiva. Houve estabilidade para Atividades imobiliárias (0,1%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) e Outras atividades de serviços (-0,1%). Já as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,3%) e Informação e comunicação (-0,4%) apresentaram resultados negativos.

Pela ótica da demanda, houve queda da Despesa de Consumo das Famílias (-1,0%)  , elevação da Despesa de Consumo do Governo (0,6%) e da Formação Bruta de Capital Fixo (0,4%).

No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços caíram -1,3%, enquanto as Importações de Bens e Serviços ficaram estáveis  -0,1% nesta comparação.

Mais sobre a pesquisa

O Sistema de Contas Nacionais apresenta os valores correntes e os índices de volume trimestralmente para o Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo pessoal, consumo do governo, Formação Bruta de Capital Fixo, variação de estoques, exportações e importações de bens e serviços. No IBGE, a pesquisa foi iniciada em 1988 e reestruturada a partir de 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual. Consulte os dados do PIB no Sidra. A próxima divulgação, relativa ao 1º trimestre de 2024, será em 07 de maio.

IBGE