Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Yuri Fisberg, Flavia Flores e Frederico Silveira concederam, ao lado do coronel da Polícia Militar Emerson Massera, entrevista coletiva para pormenorizar a Operação Munditia, deflagrada nesta terça-feira (16/4). As diligências miraram em um esquema de fraudes em licitações perpetradas por integrantes da facção criminosa conhecida como PCC junto a prefeituras e Câmaras municipais de cidades como Mogi, Guarulhos, Santos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Poá, Buri, Jaguariúna e Itatiba, entre outras.
Segundo o apurado, as empresas envolvidas simulavam concorrência com outras pessoas jurídicas, que atuavam em parceria ou integravam um mesmo grupo econômico, para obter contratos públicos voltados a serviços de facilities, notadamente os de mão de obra para limpeza e postos de fiscalização e controle. Só nos últimos cinco anos, o grupo firmou contratos que chegam a R$ 200 milhões.
Segundo Massera, a operação teve início com o monitoramento de áudios de integrantes do PCC, levando à identificação de um conluio liderado por pessoas ligadas à organização criminosa. “A partir daí verificamos a participação de funcionários públicos e vereadores que direcionavam licitações por meio do controle de empresas. Nossa parceria com o MPSP tem trazido ótimos resultados na desarticulação do crime organizado”, disse.
Fisberg afirmou que a Munditia tinha 15 alvos de mandados de prisão cautelar, sendo que 13 deles já foram cumpridos, inclusive contra três vereadores de cidades do Alto Tietê e litoral. “Tivemos ainda 42 mandados de busca cumpridos, com a apreensão de quatro armas de fogo e grande número de munições, 22 celulares, 22 notebooks, R$ 3,5 milhões em cheques, cerca de R$ 600 mil em espécie e 8.700 dólares”, disse, acrescentando que as diligências prosseguem.
Segundo Silveira, a operação revelou que existe uma sofisticação na atuação da organização criminosa, exigindo das autoridades uma maior articulação no trabalho conjunto. “Nosso grande objetivo no momento é a asfixia financeira para enfraquecer o crime”.
Já de acordo com Flavia, o favorecimento do grupo criminoso por parte dos envolvidos com a facção tem acontecido em três eixos: fraudes a licitações, corrupção com envolvimento de agentes públicos e lavagem de dinheiro. “As facções precisam dessa estrutura para ampliar sua atuação e fortalecer suas atividades ilícitas”, asseverou.
A Operação Munditia conta com o trabalho 27 promotores de Justiça, além de diversos servidores do MPSP e policiais militares. As investigações correm em segredo de Justiça.
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