O senador Alessandro Vieira (PSDB) solicitou nesta segunda-feira (17), que o Supremo Tribunal Federal (STF) obrigue o presidente Jair Bolsonaro (PL) a apresentar os documentos sobre parlamentares beneficiados pelo orçamento secreto.
No debate na Band, no domingo (16), o presidente mostrou uma relação que supostamente contém os nomes de 13 deputados do PT que teriam sido agraciados com emendas de relator.
Em dezembro, a ministra Rosa Weber, que hoje preside o STF, determinou que o governo tornasse públicos os nomes dos parlamentares beneficiados pelo orçamento secreto, e toda a documentação que embasou os pedidos e a distribuição das verbas.
Para o senador Alessandro Vieira, o governo federal “vem se recusando a fornecer” os dados ao tribunal.
“É de inegável interesse não só deste Tribunal como também de toda a sociedade que o Sr. Presidente da República dê publicidade aos documentos que apontam as indicações de emendas a parlamentares, especialmente considerando que o próprio Poder Executivo já descumpriu decisão exarada por Vossa Excelência no sentido de apresentar a lista em comento”, afirma o senador
O atacante Karim Benzema, do Real Madrid, é o grande vencedor da Bola de Ouro 2022, prêmio dado pela revista France Football ao melhor jogador do mundo na temporada 2021/22.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (17), durante evento de gala em Paris.
O preço da gasolina nos postos de combustível do país teve alta de 1,47% segundo a pesquisa semanal realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A última edição do levantamento, divulgada (17), indicou que o consumidor brasileiro pagou em média R$ 4,86 por litro na semana de 9 a 15 de outubro.
O aumento foi registrado após 15 semanas de quedas sucessivas, e ocorre após nova alta da gasolina na Refinaria de Maritape, a maior do país sob controle do setor privado. A Acelen, empresa responsável pela sua operação, anunciou no sábado (15) um reajuste de 2%. Ela já havia corrigido os valores 7 dias antes em 9,7%.
Os anúncios da Acelen seguem a tendência das variações no mercado internacional. A cotação do barril de petróleo tipo brent, que registrou uma forte queda em setembro, chegando a custar US$ 82, voltou a subir acima dos US$ 90 neste mês. A alta foi influenciada pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de efetuar um profundo corte na produção.
A Petrobras, no entanto, não anuncia mudanças nos preços praticados em suas refinarias há mais de 1 mês. A última alteração foi uma redução de 7% anunciada no início de setembro.
Desde 2016, a Petrobras adota a Política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que vincula os preços praticados no país aos que são praticados no mercado internacional. A referência é o barril de petróleo tipo brent, cotado em dólar.
Com base no PPI, os combustíveis sofreram forte alta no primeiro semestre do ano, o que gerou manifestações de insatisfação do presidente da República, Jair Bolsonaro. Em maio, ele trocou o comando da estatal pela quarta vez durante seu mandato, nomeando Caio Mário Paes de Andrade. Bolsonaro também editou uma medida provisória, posteriormente aprovada no Congresso, desonerando tributos e contribuindo para a queda nos preços dos combustíveis.
Não houve, no entanto, nenhum anúncio de mudança no PPI. Nas redes sociais, parlamentares de oposição alertam que o governo vem pressionando a direção da Petrobras para segurar os preços em meio ao processo eleitoral. O segundo turno acontecerá no dia 30 de outubro. Em resposta, Bolsonaro tem feito publicações sustentando que a desoneração possibilitou a manutenção dos preços no patamar atual e permitiu consequentemente o barateamento dos alimentos.
Segundo cálculo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o valor médio da gasolina nas refinarias do país está defasado em R$ 0,30 por litro, ou 8%. A entidade monitora quase diariamente as variações levando em conta o PPI.
Diesel e gás
Os postos brasileiros também subiram os preços do etanol hidratado. É o segundo aumento consecutivo. O litro tem sido comercializado em média a R$ 3,46. O valor é 2,08% superior ao registrado no levantamento anterior.
A pesquisa semanal da ANP aponta ainda uma alta de 0,33% no preço do gás de cozinha. O botijão de 13 quilos tem sido vendido em média a R$ 110,99. Já o diesel se manteve estável, sendo comercializado a R$ 6,51 na semana passada, R$ 0,01 abaixo do último levantamento.
A diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Juliana Alcoforado, e o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Barros, concedem entrevista coletiva às 8h30 da terça-feira, 18, na Sala de Imprensa da Secretaria de Segurança Pública. A iniciativa visa esclarecer informações sobre o andamento do inquérito que investiga a morte do menino de dois anos, vítima de abuso sexual, que faleceu em decorrência de politraumatismo na sexta-feira, 7, no Hospital Fernando Franco, na capital.
Na coletiva, os dois integrantes da SSP trarão informações sobre o que já foi levantado na construção do inquérito policial, bem como detalhes do laudo produzido pelo IML.
*Entenda o caso*
Na sexta-feira, 7 de outubro, um menino de dois anos foi levado pela mãe ao Hospital Fernando Franco, onde evoluiu ao óbito. Profissionais de saúde do local perceberam que a criança apresentava sinais de abuso sexual e acionaram as Polícias Militar e Civil.
Após levantamentos preliminares, o DHPP representou pela prisão temporária da mãe da criança, que foi deferida pela Justiça. A detenção ocorreu na segunda-feira, 10. As buscas seguem para chegar à localização do padrasto da vítima, William Santana Santos, que também é investigado no caso.
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A maior besteira de entidades de classes são os chamados compromissos assumidos por candidatos em campanhas eleitorais.
Nada, ou quase nada, é feito ou dito para ser cumprido.
Coisa, como diria o povão, de araque.
Nada compromete ninguém.
Depois da eleição, e mais que isso depois da posse, faz quem quer. Há até o discurso de que, quando muito, “eu até quero, mas não deixam”.
E aí?
O secretário de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), João Camilo Pires, disse hoje (17) que a polícia investiga todas as hipóteses sobre o tiroteio que aconteceu nesta manhã, por volta das 11h40, na comunidade de Paraisópolis, na capital paulista, e que fez o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) suspender sua agenda na região. Em entrevista coletiva concedida na tarde de hoje, na sede do órgão, o secretário disse que nenhuma hipótese será descartada, mas que considera prematuro falar que ocorreu um atentado.
“É prematuro dizer isso”, falou ele. “Nenhuma hipótese é dispensada, contudo, com os dados que nós temos até agora, eu não considero esse fato indo de encontro ao que o próprio candidato comentou [de ter sido um atentado]. Talvez ruído com a presença policial [para proteger o candidato], talvez intimidação, mas vamos aprofundando isso”, disse ele.
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“Houve sim um ruído por causa da presença policial naquela área, de tal modo que o tiroteio ocorreu mais ou menos entre 50 ou 100 metros de onde estava a equipe do candidato. Logicamente que isso assusta, assusta todo mundo e as providências a serem tomadas foram as corretas, que foi a interrupção do evento e a retirada da equipe para preservar a segurança de todos”, falou o secretário.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram a equipe do candidato, jornalistas e fotógrafos precisando se proteger no chão de um prédio, enquanto é ouvido muitos estampidos de tiros. De acordo com o secretário, agora a polícia vai investigar onde o tiroteio ocorreu, a que distância e qual foi a motivação para que ele ocorresse.
Por enquanto a informação é de que um grupo com cerca de oito pessoas armadas, duas delas com armas longas, como costumam ser identificados fuzis e outras armas do tipo, teria entrado na comunidade e encontrado policiais. Uma van escolar, que estava na linha de tiro, foi atingida por disparos. Não houve feridos.
Em suas redes sociais, o candidato Tarcísio de Freitas escreveu que ele e sua equipe estavam bem. “Durante visita ao Primeiro Polo Universitário de Paraisópolis, fomos atacados por criminosos. Nossa equipe de segurança foi reforçada rapidamente com atuação brilhante da Polícia Militar do estado de São Paulo”, escreveu o candidato.
O secretário confirmou que uma pessoa foi baleada durante o tiroteio e morreu. Segundo ele, essa pessoa tinha uma passagem pela polícia por roubo. “As circunstâncias do óbito serão objeto de investigação”, falou ele.
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Em suas redes sociais, o líder comunitário de Paraisópolis e presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, lamentou o ocorrido. Ele informou que está em Salvador (BA) nesta semana e que não tinha conhecimento sobre agenda de candidatos hoje na comunidade de Paraisópolis.
“É importante ressaltar, contudo, que nenhum representante do G10 Favelas ou da União de Moradores e do Comércio de Paraisópolis – entidade que representa a comunidade, tinha conhecimento de qualquer agenda de candidatos na comunidade nesta data. Tampouco foi feito nenhum tipo de convite a nenhum dos nomes que concorrem a cargos eletivos neste pleito”, escreveu ele.
“Paraisópolis tem tradição em receber políticos, autoridades, artistas e personalidades, sendo reconhecida como uma comunidade pacífica e organizada”, acrescentou Gilson.
Repercussão
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta tarde, no Palácio do Alvorada, que já tinha conhecimento do tiroteio, mas que era prematuro falar sobre o assunto. Bolsonaro sugeriu ao candidato do Republicanos que reforce sua segurança. “O Tarcísio pode requerer aos órgãos competentes a segurança. Eu tenho conversado com ele sobre isso. Esse evento de hoje, sendo ou não contra ele, é um sinal que ele deve se preocupar mais ainda com a sua segurança”, afirmou o presidente.
Em nota, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, disse que conversou com a equipe de Tarcísio e que foi informado de que estão todos bem. “A Polícia Militar agiu rápido e garantiu a segurança de todos. Determinei a imediata investigação do ocorrido”, falou.
O candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, também se manifestou sobre o ocorrido. “Eu repudio toda e qualquer forma de violência. Isso vale para 2018, 2020, 2022. Sempre trabalhei no campo da dignidade da política, da contribuição com propostas, é assim que eu tenho me portado desde que entrei na vida pública”, disse.
Com a participação de 125 membros do Ministério Público de Sergipe foi realizado, nesta segunda-feira, 17, o pleito para a formação da lista tríplice com o nome dos candidatos mais votados para o cargo de Procurador-Geral de Justiça para o biênio 2022/2024. Votaram os integrantes do quadro ativo da carreira do MPSE, mediante voto obrigatório, secreto e plurinominal.
Disputaram a eleição os Promotores de Justiça Etélio de Carvalho Prado Junior, Jarbas Adelino Santos Júnior, Manoel Cabral Machado Neto e Nilzir Soares Vieira Junior (listados em ordem alfabética).
A lista tríplice foi composta pelos Promotores de Justiça Manoel Cabral Machado Neto, que obteve o total de 108 votos; Nilzir Soares Vieira Junior, com 106 votos; e Etélio de Carvalho Prado Junior, com 101 votos. O Promotor de Justiça Jarbas Adelino Santos Junior obteve 21 votos e também foram contabilizados 36 votos brancos e 03 nulos.
A lista será encaminhada pela Comissão Eleitoral ao Governador do Estado, que terá 15 dias para anunciar o nome do novo Chefe da Instituição.
A Divisão de Combate a Roubos e Furtos de Veículos (DRFV) prendeu um homem de 21 anos de idade, suspeito de roubo de um veículo pertencente a um motorista de aplicativo, ocorrido em fevereiro deste ano. Como o investigado havia sido preso por outro crime durante as investigações, o novo mandando de prisão foi cumprido no sistema prisional sergipano, nesta segunda-feira, 17.
Segundo a delegada Michele Araújo, que esteve à frente do caso, o motorista de aplicativo estava trabalhando, quando foi solicitado para uma corrida nas proximidades de uma loja, nas imediações da rodoviária, na zona Oeste de Aracaju. Na ocasião, o suspeito e outro homem, ainda não identificado, embarcaram no veículo como passageiros, mas logo após anunciaram o assalto.
“Com o anúncio do assalto, eles ordenaram que a vítima descesse do banco do motorista e ocupasse o assento traseiro do veículo, oportunidade em que o motorista correu para fugir dos criminosos. Nesse momento, os autores chegaram a atirar contra o condutor, mas, graças a Deus, ele não foi atingido”, revelou a delegada.
Como resultado das investigações e de diligências da Polícia Civil, um dos autores foi identificado e sua prisão decretada pelo Poder Judiciário, sendo cumprido o mandado nesta segunda. O investigado foi denunciado pelo Ministério Público e responderá ao processo preso.
“A DRFV tem realizado diversas investigações, com vistas a desarticular esses grupos com atuação específica em roubos a motoristas de aplicativo, visando promover uma segurança maior para os profissionais que atuam na área e seus passageiros. Para isso, temos uma divisão na unidade especificamente voltada à repressão desses delitos, de modo que os dados já revelam uma queda considerável nesses casos”, explicou o delegado Kássio Keliton, integrante da Divisão.
Mulher identificada como Angela Maria dos Santos, foi morta a tiros no final da manhã desta segunda-feira (17), dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Povoado Pau-ferro, no município de Maruim.
As informações são de que a mulher entrou na UBS, por volta das 11 horas, já baleada. Em seguida, uma moto parou em frente ao local e um homem, com capacete, entrou na unidade de saúde, fez disparos contra a mulher e fugiu.
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O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para socorrer a vítima, e constatou o óbito no local.
A mulher deixou três filhos, um homem e duas mulheres.
A Criminalística esteve no local para averiguar as circunstâncias do caso e a Polícia Civil vai investigar o caso.
Recentemente, escrevi um artigo aqui na ConJur manifestando-se sobre decisão do Tribunal Superior Eleitoral que rejeitou representação formulada pelo Partido Liberal, objetivando a remoção de vídeos em que o presidente Jair Bolsonaro é chamado de genocida, no contexto da campanha eleitoral de 2022, em alusão à maneira como conduziu a pandemia da Covid-19.
A premissa geral do texto foi de que a imputação delitiva na contenda eleitoral deve ser analisada com parcimônia. Quando uma/um candidata/candidato resolve concorrer a um cargo eletivo, sua vida será devassada e ela/ele estará sujeita/o a todo tipo de críticas e pechas, inclusive sobre supostos crimes que tenha (ou não) cometido. A intervenção da Justiça Eleitoral deve ser mínima e pontual, limitada aos casos em que for manifesto o abuso da liberdade de expressão. A imputação delitiva faz parte da competiçãoeleitoral não no sentido técnico de cada tipo penal, mas no sentido metafórico. Não é de hoje que acusações como “corrupto” e “ladrão” são feitas em debates acirrados.
Quando se fala em liberdade de expressão, imediatamente se pensa na liberdade de falar, de defender ideias e de expor pensamentos. E, de fato, esta é uma perspectiva do livre discurso. Trata-se da dimensão individual. Precisamos ter liberdade para expressar nossa visão de mundo aos demais, debater e colocar a forma como entendemos as questões.
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No entanto, existe uma outra faceta: a liberdade informativa. Nesse sentido, as pessoas se informam por meio de seus pares, da imprensa, das mídias sociais, dos podcasts e afins. A liberdade de expressão existe não apenas para que possamos falar, mas sobretudo para que possamos ouvir e, consequentemente, nos informar. É a dimensão social ou coletiva da liberdade de expressão.
Essa tem sido uma das principais preocupações da Justiça Eleitoral para o pleito de 2022: permitir que a liberdade informativa não seja maculada por discursos falaciosos, enviesados, descontextualizados ou fabricados. A missão do Judiciário para o atual pleito não é fácil: se de um lado deve proteger a liberdade individual e intervir somente em casos específicos (privilegiando a dimensão individual da liberdade de expressão), por outro deve impedir que a esfera pública seja contaminada por desinformação (protegendo a dimensão social da liberdade de expressão).
A desinformação prejudica o debate público porque o eleitorado pode formar sua vontade amparado não na realidade, mas em artifícios criados para enganar e ludibriar a racionalidade das pessoas, fazendo que ajam com base em suas emoções e não na razão. Uma das principais técnicas desinformativas é a utilização de discursos que tenham motes como a proteção da família, da infância e da fé, seja para gerar sentimentos de medo, raiva, indignação, seja para explorar vieses construídos em nossa formação humana.
Quer ver um exemplo? Se lemos no título de um texto que determinado indivíduo pretende legalizar o casamento infantil, já começamos a leitura tomados pela incredubilidade e indignação. Se temos a crença que nossa religião é a única que salva, quando espalham que querem criminalizar nosso culto, nosso viés de confirmação atua e dizemos: “é o fim dos tempos!”.
E o que isso tem a ver com a ideia da imputação delitiva de que tratei no começo da reflexão? A meu sentir, entendo que sob a preocupação de mitigar a desordem informacional (no original, information disorder, termo cunhado pela professora Claire Wardle) gerada pela desinformação orquestrada, algumas decisões do Tribunal Superior Eleitoral têm sido contraditórias.
No dia 12 de outubro de 2022, o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino deferiu tutela provisória de urgência, no bojo da Representação nº 0601416-76.2022.6.00.0000, para determinar a imediata suspensão de propaganda eleitoral, veiculada na televisão, que tinha o seguinte teor:
Lula: “Fui considerado inocente”” Locutor: “Não! Não foi”. Josias de Souza: “É falsa a ideia de que Lula se tornou um político inocente”. Marco Aurélio Mello: “O Supremo não o inocentou, o Supremo aceitou a nulidade dos processos crime”. Locutor: “A maior mentira dessa eleição é dizer que Lula não é ladrão. Votar no Lula é votar em corrupto”. Entrevistada: “Eu acho o Lula um verdadeiro ladrão. Eu não votaria no Lula, nem a pau, Deus me livre votar no Lula”.
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Por ocasião da fundamentação, o ministro explica que “não há mera menção a fatos pretéritos referentes às condenações posteriormente anuladas pelo STF, mas atribuições ofensivas que desborda da mera crítica política, pois transmite mensagem que imputa ser o candidato “corrupto” e “ladrão”, desrespeitando regra de tratamento decorrente da presunção constitucional de inocência e que viola os preceitos normativos previstos nos artigos 243, IX, do Código Eleitoral e 22, X, da Res.-TSE nº 23.610/2019.”.
Em que pese seja compreensível a preocupação de proteção da liberdade informativa para formação da vontade do eleitor, em caso semelhante, no qual se chamou o atual presidente de genocida, o Tribunal Superior Eleitoral autorizou que vídeo com a imputação permanecesse no ar.
Conquanto entenda a preocupação da Corte Eleitoral e veja que muitas decisões são tomadas pelo apertado placar de 4 a 3, o que demonstra a dificuldade das matérias tratadas, no sentido técnico do termo, Bolsonaro não foi genocida. Pode ter sido em sentido metafórico, político, ideológico. O mesmo entendo ser o caso do candidato Lula.
Qualquer um que tenha o mínimo de conhecimento jurídico (e honestidade intelectual) sabe que a Constituição Federal e a Convenção Interamericana de Direitos Humanos prestigiam a presunção da inocência. Assim, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Se os processos em que Lula havia sido condenado foram anulados (seja por qual fundamento for), ele mantém intacto seu status de inocente ante a inexistência de condenação. Simples assim. Certidão de antecedentes zerada.
Ocorre que, no contexto de uma campanha eleitoral, a exploração do fato é tolerável. Assim como a exploração da condução da pandemia também o é. A imputação delitiva é explorada não de hoje. Penso ser temerário que o Estado, através do Judiciário, seja paternalista a ponto de que o eleitorado não possa ser exposto ao mínimo de dissenso cognitivo. Tecnicamente, nem um é ladrão, nem o outro é genocida. Entretanto, a política passa pelo discurso ácido, impetuoso e sarcástico. A tolerância para esses casos deve ser maior.
A própria Justiça Eleitoral acaba chamando para si uma responsabilidade difícil de executar na prática: a seleção de informações que devem pautar o debate coletivo. Todo cidadão (ou quase todo) já chamou algum agente público de “corrupto”. Quando se fala de orçamento secreto, pode-se falar de corrupção? Havendo presunção de inocência, essa associação deve ser censurada? Ressalto, mais uma vez, que entendo de onde a decisão parte, mas mantenho minha preocupação da censura irrestrita que ela pode causar.
Elder Maia Goltzman é mestre em Direito (UFMA). Autor de “Liberdade de Expressão e Desinformação em Contextos Eleitorais” (2022), pela editora Fórum. Coordenador adjunto do Núcleo de Estudos em Direito Internacional e Desenvolvimento (Nedid) da Universidade Federal do Maranhão. Membro da Abradep e da Caoeste. Professor.
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